quinta-feira, 3 de maio de 2012

Por que banalizar?



Banalizaram o “Eu te amo!”, “Eu te adoro”. Sim, dizer eu te amo, eu te adoro, virou frase feita na boca das pessoas. Dizem eu te amo, eu te adoro a torto e a direito sem se importarem com o real significado dessas palavrinhas que de tão importantes que são possuem o poder de modificar pensamentos, atitudes, vidas. Dizer eu te amo, eu te adoro é até certo ponto fácil. Complexo mesmo é viver o amor, esse sentimento sem lógica que nos dá a consciência do que verdadeiramente somos e existimos.
A garota diz que te adora, age como quem realmente adora, e você, calejada pelo passado, fica reticente, desconfiada e não leva muito a sério. Tem amiga que até diz que você é uma boba e que está deixando escapar uma mulher maravilhosa, e mais, ainda dizem que se você não a quiser pode passar a “gata” que qualquer uma ficará muito feliz com a dita cuja.
Você pensa, repensa, pesa os prós e os contras, resolve esquecer as mágoas que o “eu te amo” já lhe causou e resolve se entregar de novo. Abaixa a guarda e resolve deixar o coração bater descompassado. A vontade de estar com ela se faz freqüente, e até a velha cara de apaixonada você não faz mais questão de esconder, suspirando sempre que se lembra da linda. Aliás, tudo isso é muito lindo, até que a princesa, sem te avisar, resolve dizer eu te amo para outra.
Então você fica se perguntando onde é que foi parar a paixão e o amor que lhe era devotado ao se lembrar das inúmeras vezes em que ouviu eu te adoro e preciso de você na minha vida.
É, parece que a princesa que faltava adivinhar seus desejos mais ocultos teve um lapso sentimental e esqueceu tudo o que dizia a você.
Antoine de Saint-Exupéry, na obra O Pequeno Príncipe, diz que nos tornamos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos, portanto, não saia distribuindo eu te amo como quem distribui sorrisos, porque ao contrário de um sorriso, que é sempre bem vindo e afaga a alma, o eu te amo da boca pra fora pode machucar a alma.
Quando éramos crianças brincávamos de casinha, pique-pega, até de médico a gente brinca. Isso tudo é saudável e nos ensina a viver em sociedade. E a gente pode e deve brincar de muitas coisas na vida, inclusive de ser feliz, o que é um exercício fantástico, o que a gente não pode, de jeito nenhum, em momento algum, é brincar com os sentimentos e a vida das pessoas. E deferir qualquer sentimento, sem realmente sentir, é mesmo uma brincadeira de péssimo gosto.
Maria Luisa

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