quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

PALAVRAS QUE BEIJAM


Meu amor, se eu pudesse beijar por escrito, faria para ti uma canção de amor. Tocaria os teus cabelos como há algum tempo não faço,  abraçaria-te de um jeito apertado e carinhoso, para poder sentir toda a delicadeza do teu corpo, enlaçaria-te e de repente cantaria uma canção de minar ou excitar, apenas cantaria. Sentiria novamente o calor e o odor que somente nós duas juntas conseguimos produzir. Teríamos a certeza de que não tem Boticário, nem Paco Rabane e nem Avon que se aproxime do meu cheiro misturado ao teu. Se eu pudesse beijar por escrito, faria um carinho bem gostoso na tua nuca, do tipo sutilmente mal intencionado,  jogaria-me contigo no lençol, no tapete ou no sofá, não importa. Beijaria muito e quase sem parar, apenas pequenos intervalos para o processo de tomar fôlego e seguiríamos o ballet das línguas em movimentos leves e obscenos, uma coisa só nossa,  trocaríamos confidências “sacanas” junto ao ouvido. Se eu pudesse beijar por escrito, tu poderias ler e sentir os meus lábios em teu rosto, em tua boca e em teu corpo todo, daquele jeito. Por um instante ao menos, eu poderia fugir do mundo e da vida que se vive para viver um pedaço de vida só contigo. Se eu pudesse beijar por escrito, não ficaria assim tão distante, sempre daria um jeito de saciar minha sede e meu desejo de ti, com certeza eu não estaria sofrendo essa crise de abstinência do teu beijo, que insiste em me assolar justamente quando acho que estou aguentando... Ah, se eu pudesse beijar por escrito…
Maria Luisa

domingo, 23 de dezembro de 2012

PROVOCAÇÃO

Vem, amor vem, beija-me com fúria como se o mundo fosse acabar amanhã. Cola a tua boca à minha e deixa as nossas línguas roçar uma na outra. Sente o calor do meu corpo de encontro ao teu, o bater acelerado dos nossos corações, o sangue a fluir mais rápido. Rasga-me a blusa, desce-me as calças, toma-me de assalto e deixa-me louca de prazer. Não! Não me dispo. Gosto que sejas tu a fazê-lo. Desabotoas-me os botões da blusa um a um enquanto a vais fazendo escorregar pelos meus ombros que beijas e mordes devagar. Encurtas o caminho até ao peito baixando o soutien de renda vermelha e preta e aí demoras os teus lábios, a tua língua, os teus dentes. As mãos? Essas já há muito que vagueiam ora pelas minhas nádegas, ora pelas minhas coxas, deixando-me à beira da loucura. Entrego-me ao prazer do teu toque ébria de desejo e deixamo-nos levar na eterna dança até ao despertar do gozo de uma e de outra.

Maria Luisa
ACONTECE O AMOR

Sento-me no chão frio do meu quarto. Está vazio. A luz apagada. A porta entreaberta. Olho para o outro lado da janela, observo a lua. Admiro a sua beleza. Ela toca-me. Seduz-me com aquele seu jeito inocente. Na rua, flutua no ar o barulho da noite escura. Portas que batem. Cães que ladram. Carros que passam. Abstraio-me da grande desordem. Fecho os olhos. Enrolo o cabelo com os dedos. Sinto o perfume. Aquele indiscutível. Largo um pequeno sorriso. Desprendem-se sentimentos. Afirmo. É Ela. Meu amor, Maria... Agora. Ali. Sentada no chão frio do meu quarto. Pego na mão dela com toda a ternura, acarinho-a delicadamente. Guardo-a como se fosse uma porcelana frágil. Protejo-a como se fosse a mão de uma pobre criança ingénua e desprotegida. Lá fora está um silêncio totalmente desconhecido. As portas já não batem. Os cães já não ladram. E os carros já não passam. Ficamos rendidas ao sigilo da respiração. Concentro-me nos fortes batimentos do seu coração. O meu corpo treme. Consigo abrir e fechar vagamente os olhos. Consinto o poder do desejo que me domina. Avanço novamente. Ela aproxima-se. E finalmente, lábios que se cruzam. Beijos que se dão. Carícias que se trocam...e o amor acontece!