Certa vez me
perguntaram quando e porque comecei a escrever. Não soube responder ao certo,
inventei uma desculpa e sai da pergunta sem uma resposta. Aquilo ficou na minha
cabeça por dias e principalmente, noites. Quando foi que eu comecei? Por quê?
Por quem? Através da escrita, eu lembro-me do que ficou, do que não foi e do
que ainda pode ser. Aquelas e essas palavras tão minhas, agora voam livres sem
destino. Essa é a sensação que fica. Não molha como a lágrima, nem incomoda
como um grito, mas preenche sempre o vazio que motiva. Algumas coisas precisam
ser escritas para serem entendidas. Escrever com o coração vai muito além de
colocar ordem nas palavras. É preciso coragem. Coragem para fechar os olhos, e
sentir o que acontece ou aconteceu por dentro. Enfrentar, organizar e entender.
Pouca gente sabe, mas essa atitude é rara. É difícil. E como a gente vive
mudando, é eterna. Gosto de brincar que quando tenho uma folha em branco, me
transformo em uma Heroína. Meu super poder tem a ver com as palavras. Eu não
salvo minha vida, nem tão pouco a de outro alguém, mas alívio minha alma.
Escrever também tira a gente da solidão. Não da física, da interior. Perceber
que independente do que nos aflige, jamais seremos as únicas a passar por isso
faz tudo parecer mais fácil. É por isso que eu me encho de alegria quando em
algum texto, consigo descrever algo indescritível. Porque no fundo no fundo, o
que todo mundo quer é fazer o outro entender o que se passa por dentro. Alguns
compram uma rosa, outros tomam atitude, e eu? Escrevo.
Maria Luisa Martins
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