terça-feira, 11 de setembro de 2012

O Amor Vira Lixo!!



 

De todas as peças escritas por William Shakespeare, Romeu e Julieta é indubitavelmente a que mais tem sido utilizada como tema para o desfecho trágico de um amor intenso que não sucumbiu na dor infligida pela sensação de perda. Hoje, você morreria de amor? Cansamo-nos. De lutar. De cair. De lamber as feridas. De abrir o armário e tirar o vestido mais bonito que compramos. Desistimos. Dormimos no sofá. Perdemos a vontade de sair. De comer. De apanhar bebedeiras. De viver. Mandamos mensagens às nossas melhores amigas a dizer que estamos a morrer. Julgamos que já batemos no fundo. E como ele é duro que nem uma pedra! A palavra amor, paixão e todo o seu campo lexical causam-nos vômitos. Arrumamos todos os presentes que nos deram no sótão. Queimamos as cartas e os postais. Apagamos as sms's. Riscamos as fotos. Perdemos anos, meses, dias de vida. Ganhamos experiência, mas nunca a contamos. No dia seguinte acordamos com dores na cabeça e no coração. Chamam-lhe desilusão. Só então percebemos que amamos mesmo. E que é tarde de mais para morrer logo ali. Só porque nos dói o coração e a cabeça. E porque sofremos de uma doença que não ataca as crianças. Queremos levantar-nos. Ir ao encontro dela. Talvez esta seja uma doença que se transmita. Mas não temos forças. A cabeça, que já dói, começa a doer ainda mais. E, como quando somos crianças, começamos a fazer mil e uma perguntas. Desta vez, a nós mesmos. Àquilo a que chamam consciência, voz do coração. Não temos respostas. Nem forças. Nem comprimidos que disfarcem as dores. Pedimos morfina. Voltar. Fechamos os olhos e, por momentos temos o flash da vida. Como se fossemos Pedimos uma tempestade que nos arraste daqui. E até isso nos negam. Estamos sozinhas. Com a desilusão. Nem a morte quer nada conosco. Não. A morte não aparece nestas alturas. Anda ocupada com doenças a sério. Hoje, morre-se por tudo e por nada, no entanto já ninguém morre de amor!
Maria Luisa

 
 

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