quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Pecado?




É comum ouvir dizer que ser poeta "tem um pouco de sábio e um pouco de louco! A propósito de nada e de tudo, fui ao dicionário pesquisar o significado da palavra “Pecado”, essencialmente pela minha curiosidade. Esta palavra que atormenta tanto as vidas humanas precisa ser conhecida pela raiz, para que assim nos possamos libertar dela.
A primeira informação que me surgiu foi «Transgressão de preceito religioso.» Apesar de me considerar católica, a minha fé faz-se numa religião onde não cabem muitos dos tais preceitos religiosos. Na minha vida, Deus não é castigador, mas sim um amigo sempre disponível.

No meu dia-a-dia, a morte não é o fim, mas sim o princípio, já que todos os dias morremos um pouco, por isso, pensei que talvez a minha forma de vivenciar a religião seja efetivamente (aos olhos de algumas pessoas) um pecado, mas aos meus, decididamente não o é.
O segundo sinônimo dizia «Vício»… ai, ai, ai… mais um pecado. Sou viciada em chocolate (dificilmente lhe consigo resistir), sou viciada em trabalho, raramente prescindo, ou posso prescindir dele.
A definição que vinha de seguida, também não era das melhores «Culpa, falta». Bem, parece-me que aqui também tenho culpas no cartório dos lingüistas que escrevem dicionários. Sou culpada de não dormir oito horas por dia e, na melhor das hipóteses, dormir apenas metade; sou culpada de não alimentar o meu corpo como devia, de nem sempre o massagear como ele merecia, de nem sempre o hidratar como ele precisa, mas nunca ando fora de horas.
Estou ainda em falta com a minha família porque não lhes dedico o tempo que eles tanto merecem e sou culpada de não telefonar aos meus amigos quando me lembro deles e o tempo vai passando e não digo às pessoas de quem gosto, que elas são realmente importantes na minha vida.
A quarta definição dizia «Infrm. Demônio.» sim, sou um demônio na sua maioria de saias que atormento a paciência dos meus colegas por não quererem colaborar, sou um demônio de tridente em riste com a ausência de competência, do desleixe e da falta de respeito.
De seguida surgiu a informação «Relig. pecado atual: o que é feito pelo indivíduo (em oposição a original)». Pecados atuais?! Ora deixem-me cá pensar… nunca matei (as moscas contam?), nunca roubei (os sabonetes dos hotéis podem ser trazidos para casa, certo? Nunca cobicei a mulher da próxima (apenas a Megan Fox e a Michelle Rodriguez, Cristiane Tornoli). :-)))
Segundo o dicionário que consultei há ainda o «pecado de carne: pecado sensual» Pois bem, a minha carne não peca, apenas ama, e quanto à sensualidade, se nós, as mulheres fantásticas, não formos sensuais… somos homens, certo? Certo!
Quase a chegar ao fim surgiu o sinônimo «Relig. pecado mortal: o que leva ao Inferno se não é confessado.» Pois bem, se essa confissão implica ir à igreja pedir perdão a um Padre, rezar 10 orações e sair absolvida, bem, aí parece-me que vou mesmo parar ao caldeirão infernal, mas se aceitarem como confissão o facto de ao chegar à minha cama, agradecer ao meu Deus, o dia fantástico com que me presenteou, o meu pedido de desculpas por todas as coisas que eu podia fazer melhor, mas que não consegui fazer, aí meu caro S. Pedro, abre as tuas portas douradas para mim.
Seguiu-se o «Relig. pecado original: o herdado de Adão.» Confesso a minha culpa, sou mesmo filha de Adão, não consigo resistir a uma maçã. E o pior é que não sou esquisita, partilho de coração o provérbio que os Ingleses defendem «An apple a day, keeps the doctor away». Eu gosto das verdes, daquelas muito amargas, gosto das Golden, das Gala, das Granny Smith, das Reineta, das Star, enfim, podia continuar aqui o resto do dia a descrever maçãs.
Por último surgiu a referência a «pecados velhos: pecados cometidos há muito tempo.» Sou uma mulher que vive no presente e não no passado ou no futuro, se cometi pecados “há muito tempo” já nem me lembro deles, do passado prefiro guardar apenas as coisas boas que me fizeram e tenho fé que também já fiz bem a muitas pessoas também.
Não seríamos todos muito mais felizes se abolíssemos dos dicionários, ou melhor, das nossas vidas, a palavra “Pecado”? Não somos perfeitos, mas acredito que a essência da nossa alma seja realmente boa, daí que não haja nada de pecaminoso naquilo que fazemos, sentimos, ou pensamos.
Maria Luisa

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