quinta-feira, 12 de julho de 2012

Espera!




Estive até agora à espera para escrever este texto. Foram várias horas de espera que finalmente a espera deu frutos. Devo, no entanto avisar para quem não gosta de esperar o ideal é terminar a leitura aqui mesmo, senão o mínimo que podemos esperar é um ataque de nervos. Enquanto meu amor me esperava, fui eu por acaso que acabei por fazê-la esperar, e ai conclui sem muito esforço que a espera é tão habitual como o ar que respiramos.
Senão vejamos: Primeiro alguém espera um período fértil, um dia de boa disposição e finalmente espera-se o resultado. Depois se espera o tempo necessário e espera-se que tudo corra bem.
E “voilá”, eis que começa uma longa e paciente (ou não!) espera.
A infância é uma espera eterna para se crescer, para nos fazermos ouvir, esperamos afeto e a concretização de sonhos.
Enfim se cresce, espera-se muito sucesso, realização e bem estar, é legitimo. Profissionalmente espera-se reconhecimento e dinheiro, e espera-se que isso se traduza em segurança e conforto. Espera-se poder chegar a “chefe” e se isso não for possível, espera-se pelos menos que a/o chefe seja cinco estrelas. Em cada dia de trabalho espera-se que o tempo passe rápido para chegar a hora de ir para casa (ou outro sítio).
Espera-se que passe a semana para o merecido descanso de fim-de-semana. Mas como não chega, espera-se que passem as estações para que cheguem as férias, no fim das quais esperamos que as próximas sejam (ainda) melhores. Ou então se espera que chegue a promoção ou o aumento.
Não satisfeitas esperamos ainda que passem os anos para que chegue a reforma. Esperamos ainda que esta não traga muitos cabelos brancos e espera-se também que estejamos em perfeita forma para desfrutá-la.
Paralelamente espera-se encontrar uma alma gêmea que nos entenda para lá do humanamente possível, espera-se que além disso tenha os atributos necessários para se encaixar o mais aproximadamente à nossa escala de requisitos exigidos, enfim espera-se a perfeição (ela própria!). À falta de perfeição espera-se pelo menos que seja muito boa.
No nosso caso temos ainda um conjunto adicional de esperas especialmente concebidas para nosso consumo: esperamos ver os direitos das lésbicas cada vez mais reconhecidos, esperamos que uma família biológica seja receptiva às nossas preferências.
Espera-se que os nossos amigos, os vizinhos, os colegas de trabalho e afins, não sejam demasiados hetero-exacerbados.
Para além de tudo isto, espera-se que o buraco do ozônio não cresça, espera-se que a poluição generalizada possa ser combatida, espera-se que tapem os buracos daquela rua por onde se passa todos os dias, espera-se que os impostos não aumentem, que a inflação desça, espera-se ter tempo para calafetar as janelas antes do Inverno…
Finalmente espera-se ter paciência para todas estas esperas! Depois de tudo isto, parece que quem espera afinal não desespera! VIVE! E já agora eu fico à espera que gostem!! (Risos)
Maria Luisa Martins


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