sexta-feira, 30 de março de 2012

Como?






Fiquei pensando...
Como é que se escreve a felicidade? Como é que digo sobre as minhas pernas enrodilhadas nas tuas, os meus dedos agentes infiltrados nos teus cabelos, a tua língua a pintar-me a boca a traços grossos?
Como partilhar aqui que a minha pele se ri ao teu toque quente, como se estivesse sempre com febre! Quem quer saber? Do meu corpo armadilhado nos teus braços e dos meus olhos, que rebolam pelo quarto sem saberem para que parede deva atirar e deixar explodir o gozo, que não me cabe mais cá dentro.
Como é que transmito? Que me apetece resguardo e cama, mãos agarradas e vozes baixas,
- Por favor, me aperta, mais!
Sim, como explicar? Que foste sorte, acaso, tiro às cegas, pim pam pum, a álea da vida em todo o seu esplendor.
Como explicar? Que as coisas são simples, afinal, e que a dor não passa de um caminho de sentido obrigatório que não dá para atalhar, até um dia chegarmos a quem nos espera desde sempre?
Maria Luisa


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