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São madrugadas com baixas temperaturas e aquela dificuldade para eu achar uma posição ideal e pegar no sono. Embaixo dos cobertores os dois esfregam-se e tentam fazer a coisa pegar fogo, um fica por cima enquanto o outro tenta fazer um carinho ao longo das pernas, aperta daqui, aperta de lá, os dedos vão se contorcendo, ambos se esforçam em busca de calor e intimidade, sem tirar as peças de roupa que servem de proteção, ainda que seja um simples par de meias. É amor, esta é a saga dos pares de pés que dormem sozinhos durante as noites de inverno. Tem gente que sente frio nas mãos, outros nas orelhas e nariz, e até no bumbum, mas os pés geladinhos são os mais comuns, e haja meias para aplacar o gelo. É exatamente nestas noites que eu ainda mais sinto falta do meu “forninho”, o teu corpo quentinho onde me posso encostar, um corpo que é capaz de emanar calor embaixo das cobertas e transmitir a certeza de que de frio não morreremos, um corpo que, mesmo nas baixas temperaturas, é capaz de nos esquentar por dentro e provocar erupções, que está disposto a se enroscar nas loucuras do amor na cama ou simplesmente se encaixar no formato conchinha e permanecer assim até que o dia amanheça. Chocolate quente, sopa, chá, cobertores, meias, enfim, várias dicas para se aquecer nesta estação, mas o que faz falta mesmo é um outro par de pés que possa se esfregar nos meus durante a noite e deixar tudo bem quentinho, afinal de contas, em se tratando de pés gelados no inverno, de quatro é muito mais gostoso.

Maria Luisa